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Austrália: muito aprendizado e sem dívidas
Um dos meus sonhos era estudar inglês fora do Brasil, para decolar definitivamente do “the book is on the table”. A experiência é mais comum na adolescência, mas melhor é vencer a barreira do “agora é tarde”. Não é tarde quando se deseja muito, e se o motivo ilumina o olhar. Aliás, assim foi a decisão pela cidade de Gold Coast, na Austrália. Enquanto analisava preços e países, o agente de intercâmbio comentou: “acho que você tem de ir para Gold Coast mesmo porque é a opção que faz teus olhos brilharem”. Como é bom ouvir o coração. No estado de Queesland, a cidade litorânea promete 300 dias de sol por ano (uhuuu!).
O curioso é que, a princípio, o objetivo era ficar apenas um mês. Bastou uma semana e tudo mudou. Quer saber? Foi incrível! Analisei: tão longe, 13 horas além do horário de casa, é uma oportunidade tão especial que merece ser ampliada. Foi muita manobra, papeis, custos e sacrifícios para seguir na determinação de ir para a escola todos os dias, e ainda continuar atendendo clientes do Brasil, que compreenderam a situação e me apoiaram, aceitando a realização dos trabalhos online.
Dividir um quarto com alguém pode custar cerca de 130 dólares australianos por semana. Com este valor é possível locar um apartamento ou casa no Brasil, pelo menos em Joinville é. Quem não abre mão de um quarto exclusivo começa pagando cerca de 260 dólares semanais. Para somar nas contas, tem o transporte, a escola, a alimentação e o que outras despesas básicas. O jeito é correr atrás de um trabalho extra.
Sem carro, sem apartamento, e a variedade de um guarda-roupa bem grande, com dezenas de jeans e sapatos, resumida ao conteúdo de duas malas pequenas. Oportunidade para um intensivo de desapego. Nessa ideia, ao decidir ficar, resolvi, inclusive, alugar meu apartamento no Brasil com tudo, menos os objetos pessoais (que foram gentilmente colocadas num dos quartos por minha irmã e a mami). O meio de transporte virou a bicicleta. Meia hora pedalando em direção à escola ou ao trabalho vira um prazer quando o mar está ao lado e as ciclovias são perfeitas.
A disposição para deixar a tranquilidade em troca de certos desconfortos teve, entretanto, um motivador fundamental: conhecimento. É ímpar a chance de vivenciar um outro idioma conversando diariamente com pessoas de vários lugares do mundo. Mais do que melhorar a comunicação, pousei com mais clareza o olhar sobre diferentes culturas, como indianos, árabes, japoneses, coreanos, e ainda pessoas da Alemanha, Inglaterra, França, Espanha. Um dia, fiz um amigo da New Caledonia, que não lembrava nem estava no mapa. Ele fez questão de me apresentar, orgulhoso, fotos do seu arquipélago paradisíaco, que fica próximo da Austrália e New Zeland, no Oceano Pacífico.
É esta amplitude que o dialogar vai promovendo. São informações sobre a alimentação, hábitos, sonhos. Os asiáticos amam comida apimentada. Me apaixonei por um prato vietnamita e pelos sabores adocicados e spices de certas receitas da Indonésia, Tailândia e índia. Um pão indiano recheado com queijo e alho é uma ameaça à qualquer dieta. As colegas muçulmanas mantêm sempre o cabelo coberto, e usam roupas que cobrem todo o corpo, mesmo na praia num sol a pino. E todos respeitam, sem comentários de preconceito. Os australianos demonstram muita educação e bom humor. Na primeira casa onde fiquei, a proprietária, Jan, questionava se precisava de um casaco, fazer compras e como estava indo nas aulas. Depois disto, mudei de endereço seis vezes, em seis meses, sem contar o mês que passei na Indonésia por conta da renovação do visto (veja abaixo).
Nada agradável arrastar mala de um lado para o outro. Contudo, foi divertido descobrir que consigo equilibrar uma bandeja, trabalhando de garçonete, fazer café, sucos e smoothies e atender no caixa, além de servir as mais lindas bolas de sorvete, atuando também como atendente numa sorveteria. Fiz o que foi necessário para não precisar vender o carro ou me endividar, e deu tudo certo. Seja um intercâmbio ou algo que faz seu coração vibrar, pontilhe seu caminho com ações que o aproximem do resultado. Faça o que você deseja, apenas faça. Este foi o conselho de um pai, que passava na frente do meu balcão de trabalho, na sorveteria, para o filho, de uns 12 anos: “do what you want to do, just do”.
Para interessados num intercâmbio semelhante, na Austrália, recomendo:
– Pesquise para quais cidades deseja ir
Gold Coast ganhou entre as opções pelo clima e a proximidade da praia. O custo de vida e a possibilidade de estudantes trabalharem também contou.– Defina a partida pelas datas das melhores tarifas aéreas
Não foi exatamente como fiz. Porém, hoje, primeiro pesquisaria as melhores tarifas de passagens aéreas para depois definir a data da partida. Esta é a recomendação do mestre Rafael Incao, do Fórmula de Passagens, para quem quer economizar. Além disso, tente pagar as passagens antes da viagem. Durante o tempo fora, já serão acumuladas diversas despesas e este item quitado será um alívio.– Pesquise os melhores preços de passagens em sites especializados
Cadastre-se em sites de busca como o Skyscanner, Decolar e o Passagens Imperdíveis. Deste último, inclusive, uso um app que notifica as novas promoções diretamente no celular. Mesmo optando por fechar um pacote por agência, pelo menos é possível já ter uma noção de preços.– O tempo de visto para estudante depende do tempo do curso e renovar exige novo pagamento e estresse
Brasileiro pode ingressar na Austrália com visto de turista, mas tem validade de apenas 3 meses. Como tinha este visto, e precisei aplicar o visto de estudante, foi obrigatório sair do país. Interessante ir até a Indonésia, contudo uma despesa que poderia ter sido evitada naquele momento. Além disso, principalmente, tive de pagar novamente o visto. Ou seja, para cada aplicação de visto é necessário pagar a taxa novamente. E na segunda aplicação para a mesma categoria o valor praticamente dobra. Por isso, caso possa ficar por um ano, por exemplo, já escolha o curso de um ano. O que dificulta esta opção diretamente é que o pagamento da escola, calculado para todo o período. E comprovar a matrícula com a carta da escola é necessário para o visto. Outro fator relevante: a renda a ser demonstrada à Embaixada Australiana. O estudante precisa comprovar que possui recursos no Brasil para se sustentar, como extratos bancários, por exemplo. De qualquer modo, considero que já encaminhar para um período longo é a melhor opção, pois a renovação, mesmo dentro do país, exige uma complexidade de papeis, pagamentos, e ainda o estresse de aguardar a aprovação.– Se quiser realmente melhorar o inglês, invista em escolas de inglês
O visto de estudante pode ser solicitado com inscrição em outros cursos que não são de inglês. Alguns, inclusive, são apenas “para constar”. Várias pessoas pagam por estes cursos porque são um pouco mais baratos e não são tão rigorosos na cobrança de presença nas aulas, como as escolas de inglês. Quem faz esta opção, em geral, está dedicado a trabalhar, ou já fala bem e precisa apenas do visto para ficar. Fiquei surpresa com uma amiga. Após quase três, ela estava voltando para a escola. Ainda não tinha aprendido o suficiente por ter optado, antes, pelos cursos transformados em diplomas sem função. De certo modo, a dedicação inicial à escola de inglês vale o esforço porque vai ajudar, depois, até na obtenção de empregos melhores, e até na obtenção do visto permanente, se a pessoa decidir ficar no país. Estudei na Langports e na Pacific English School. A primeira é excelente, porém, mais cara. A segunda, com preço mais adequado também é ótima.– Você pode trabalhar
Nos murais das escolas, com os colegas, e entregando currículo (resume) em restaurantes e bares é possível conseguir emprego. Recomendo levar o resume na Omnirecruit. Foi por meio desta agência que consegui trabalhar como garçonete em grandes eventos. Eles têm um método interessante. Mandam mensagem pelo celular. Quem está disponível responde: available. Então, eles mandam todo o detalhamento, bem organizado, e depois depositam na conta. O job na Awesome Icecream, no Carrara Markets, onde me diverti muito, mas era todos os sábados e domingos, foi por indicação de um amigo.– Como encontrar lugar para morar
Alguns estudantes optam por morar em casa de famílias. É interessante pelo contato. Pode ser um pouco mais caro por incluir café da manhã, almoço e até jantar. Entretanto, se a refeição não corresponder ao que a pessoa espera, ou mesmo à quantidade, acaba saindo mais caro. É uma opção para o mês inicial, até encontrar um local. Há muitos brasileiros em Gold Coast e muitos deles dividem apartamento ou casa. É bacana pelo companheirismo, mas não tão interessante para a conversação. Uma boa maneira de encontrar quartos individuais ou coletivos é no site Flatmates. Foi onde cheguei aos melhores locais. Enquanto procurava tive ajuda de brasileiros gentis, que, inclusive, me cederam espaço onde estavam instalados até que encontrasse uma moradia adequada. Como o tempo todos alguns estão se graduando, as mudanças são repentinas, com troca de colegas de quarto. Tem de ter jogo de cintura para se adaptar.– Faça seguro saúde
Mesmo estando com a saúde tinindo, faça um seguro saúde para o período que estiver no país. Ninguém quer usar, mas emergências acontecem e a conta hospitalar pode ficar nas alturas. Numa simples corrida na praia, machuquei o pé. Fui parar no hospital, onde nem conseguiram identificar o problema. Depois, descobri que era um dedo fraturado pelo impacto (correr descalço na areia, mesmo que seja delícia, nunca mais). Foi muita dor e outro tanto de transtorno. Como Gold Coast é um paraíso para surf e skate, muitos também acabam tendo contratempos mais graves. É melhor prevenir.– Uma agência como apoio
Se eu soubesse destas dicas não precisaria ter ido tanto ao escritório da Egali, em Gold Coast. A equipe foi sensacional no atendimento, principalmente no processo de renovação do visto. Neste mês de abril, a Egali está oferecendo 21 semanas de curso, duas semanas de Egali House (depois o estudante deve achar nova acomodação), transfer, encaminhamento do processo do Visto, OSHC (6 meses), e Seguro Saúde (25 semanas), a partir de R$ 15.089,00.
Nossa, Lális, meu sonho é fazer um intercâmbio. Que vontade de encarar tudo isso que vc descreveu! E a questão do clima, pra mim, é fundamental. Anotei tudo. Quem sabe um dia… =)
Lídia, querida, você pode! Pode não ser simples, mas é possível porque é o teu sonho! Mentalize, faça um planejamento, e logo você estará lá. Conte comigo se alguma outra informação adicional for necessária. Sucesso na caminhada. Feliz Vida Livre.
Intrigante essas informações. Nunca tinha visto ninguem abordar desse jeito esse assunto. Muito bom!
Gracias, Rogerio. Fico feliz que as informações foram úteis!
Gostaria de informaçoes quanto a agencia Egali. Pode me detalhar como foi pra vc?
Estou perto dos 40, casado, primeiro filho a caminho. Tenho o mesmo sentimento que você comentou, de que “deveria ter feito intercâmbio quando era adolescente”. A vida vai seguindo, e esse tipo de aventura vai ficando cada vez mais distante.
Parabéns Elair, pela coragem de ter buscado o seu sonho e pela competência de ter conseguido realizá-lo, mesmo com estes inconvenientes que apareceram pelo caminho. Ter que se organizar, às pressas, para viajar pra outro país enquanto está no meio de uma viagem pro outro lado do mundo, sozinha, ainda tendo que trabalhar local e remotamente? Caramba, essa viagem foi “com emoção” mesmo!
Obrigado por ter compartilhado a experiência e as dicas preciosas, é um baita incentivo para quem sonha em fazer algo parecido. E o avanço no teu inglês, valeu a pena? Superou tuas expectativas?
Gratidão por nos acompanhar e pela mensagem, Aurelio. Quando olhamos outros realizando planos, às vezes, pode parecer fácil. Porém, com planejamento, aquilo que pulsa forte no teu coração também pode ser realizado. Surgem dificuldades, momentos que exigem superação, mas não se pode perder a fé nem a coragem. Meu inglês melhorou muito porque, principalmente, superei o medo de falar, e o medo de errar. Sorte, felicidade!
Fantastico! Como foi a experiência de ir pela Egali? Atendeu suas expectativas ?