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A vida é mar calmo, eu que sou tempestade
- 19 de janeiro de 2016
- Postado por: Carla Cabral e Silva
- Categoria: Felicidade Pessoas
Se eu tivesse uma casa no campo, um bangalô na praia, um sobrado na serra. Ah, como a vida seria de calmaria. Um jardim, um balanço, um mergulho demorado. Fugir desse mundo louco, da multidão que caminha sem rumo, do olhar ansioso no retrovisor.
Porém, eu preciso dizer! A vida não pode ser mar calmo quando, por dentro, somos tempestade. Podemos correr para o campo, para o mar, para as montanhas. Mas só um salto para dentro de nós pode acalmar a chuva forte.
Sinto uma certa tensão diante da calmaria, das pessoas que não vibram, das ideias que não ganham forma, dos sentimentos que não são expressados. O que será que acontece ali dentro, tão guardado para logo depois?
Quando eu e a Elair estávamos trabalhando no projeto Feliz Vida Livre, em dezembro de 2015, eu li um texto dela, que dizia: a vida é agora. É simples, óbvio, mas maravilhoso… justamente porque ela está acontecendo neste momento. Cada segundo que passa, enquanto a gente fica parado olhando o relógio, é vida que deixa de existir. São sonhos que estão no modo pause, esperando que a primeira gota d’água caia do céu. Que a terra que há em nós, volte a tremer.
Um texto, um dos meus preferidos, traz a definição de mundo, escrito por Eduardo Galeano, em seu Livro dos Abraços (vocês vão ouvir falar muito dele por aqui).
— O mundo é isso — revelou — Um montão de gente, um mar de fogueirinhas. Cada pessoa brilha com luz própria entre todas as outras. Não existem duas fogueiras iguais. Existem fogueiras grandes e fogueiras pequenas e fogueiras de todas as cores. Existe gente de fogo sereno, que nem percebe o vento, e gente de fogo louco, que enche o ar de chispas. Alguns fogos, fogos bobos, não alumiam nem queimam; mas outros incendeiam a vida com tamanha vontade que é impossível olhar para eles sem pestanejar, e quem chegar perto pega fogo.
Encher o ar de chispas: esse é o meu eu-tempestade. Ahhhh, esses meus cabelos crespos que estão sempre voando, sempre em movimento, sempre afobados. Eles têm pressa. Mas… pressa de quê, pressa para o quê, pressa para onde? Pressa para ser feliz.
Lindo, lindo texto Carlinha. Gracias ao universo por estarmos de mãos dadas nesta caminhada. Este livro do Galeano está entre os que amo. É feliz o dia. (!).
” A vida não pode ser mar calmo quando, por dentro, somos tempestade”.
Grande frase, vou guardar na minha coleção.
Ótimo artigo!
Grata!