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O que nos mantém felizes e saudáveis? O mais longo estudo sobre felicidade desenvolvido em Harvard revela
- 26 de novembro de 2016
- Postado por: Elair Floriano
- Categoria: Felicidade Relacionamento
O Estudo de Desenvolvimento Adulto de Harvard, uma das universidades mais prestigiadas do mundo, é provavelmente o mais longo sobre a felicidade na vida adulta desenvolvido até o momento. Desde 1938, vem sendo acompanhada a vida de 724 homens, sendo feitas perguntas sobre sua vida doméstica, trabalho, e saúde na busca por descobrir: o que torna a vida boa?
É um estudo raríssimo que sobreviveu às chances de ter sucumbido à falta de investimento, desinteresse ou perda de foco. Em 2015, 60 dos 724 homens do grupo original ainda continuavam participando, a maioria próxima dos 90 anos. Assistindo a vida real dos pesquisados, e não apenas lembranças que poderiam ser alteradas, ele traz respostas para o que nos mantém saudáveis e felizes.
A resposta de Harvard é diferente daquela que pensavam os jovens do início do estudo, em 1938. Entretanto, curiosamente, tanto nos anos 30 como no questionamento recente feito à geração Y dos dias atuais, os jovens tinham como objetivo de vida ficarem ricos, obter fama e trabalhar duro se assim fosse necessário.
Já com 78 anos, o estudo se expandiu e hoje já envolve cerca de 2 mil filhos do grupo inicial pesquisado. O psiquiatra de Harvard, Robert Waldinger, também psicanalista e sacerdote zen, é o 4º diretor da pesquisa. Sua apresentação no TED (Tecnologia, Entretenimento, Design) com o tema “O que torna a vida boa? Lições do mais longo estudo sobre a felicidade”, já foi acessada cerca de 11 milhões e 500 mil vezes.
Parte do grupo estudado é formada por estudantes de Harvard, que foram servir à 2ª guerra mundial, após terem concluído a graduação. A outra parte era composta por garotos dos bairros mais carentes de Boston, de famílias problemáticas e desfavorecidas.
Os jovens da década de 30 seguiram as mais diferentes profissões: médicos, pedreiros, advogados. Um deles até se tornou presidente dos Estados Unidos. Além de responderem a centenas de questionários, tiveram suas vidas filmadas, analisados seus exames de saúde. Os pesquisadores falam com os filhos e observam o que mais os preocupa quando conversam com as esposas. Inclusive, há 10 anos, as companheiras passaram também a incluir a pesquisa.
Mas qual o grande resultado obtido até aqui, nas dezenas de milhares de páginas geradas por uma equipe incansável de pesquisadores?
3 importantes lições para uma vida longa e plena
Definitivamente, não é fama e dinheiro o que nos faz mais felizes. “A clara mensagem que tiramos deste estudo de 75 anos é esta: bons relacionamentos nos mantém felizes e saudáveis. Ponto final,” destacou o psiquiatra Robert.
A solidão é tóxica e é preciso ter relacionamentos de qualidade
A solidão tem um componente tóxico e encurta a vida. Nos EUA, porém uma a cada cinco pessoas se sente solitária. Mas ter gente por perto não é sinônimo de anular a solidão. Podemos nos sentir sós caminhando numa multidão, numa relação séria ou até mesmo tendo centenas de amigos.
O que vai fazer mesmo sentido é a qualidade destes relacionamentos com as pessoas mais próximas. Ter amizades superficiais ou um casamento no qual predominam conflitos e ausência de afeto pode ser pior ainda para a saúde do que a ruptura de um divórcio.
Pessoas que estão mais conectadas com a família, amigos e comunidade são mais felizes e fisicamente mais saudáveis
Boas relações são reconfortantes e protegem a saúde. Quem estava mais satisfeito com seus relacionamentos aos 50 anos foram também os mais saudáveis aos 80. “Relacionamentos bons e íntimos parecem nos proteger de algumas das circunstâncias adversas de envelhecer,” disse o diretor atual do estudo.
Surpreendentemente, os relacionamentos influenciam até mesmo na percepção da dor. Os mais felizes diziam não ficar de mau humor em situações de dor física. Enquanto os infelizes contaram que a dor física se intensificava pela dor emocional.
Relações saudáveis protegem o corpo e a mente
É algo protetor estar num relacionamento íntimo estável para os octogenários do estudo. Isto não significa que tenham relacionamentos sem discussões e de calmaria o tempo todo. O diferencial é sentirem que podem contar com o outro em momentos de dificuldade. Quem sente que não pode contar com o outro, apresenta declínio de memória mais cedo.
Mas por que é tão difícil o relacionamento durar
O resultado do longo estudo de Harvard pode alegrar muitos, embora, certamente, irá angustiar outros tantos. Por que? Porque neste tempo em que tudo se expressa facilmente, no universo do amor ainda se faz muita guerra, se disputa milímetro a milímetro o controle da situação.
“É que gostamos de consertos rápidos, algo que pudéssemos obter que tornaria nossas vidas boas e as manteria assim. Mas relacionamentos são confusos e complicados e o trabalho duro de zelar pela família e amigos não é sexy ou glamoroso,” sentenciou Robert.
O individualismo excessivo e a ausência de paciência também ameaçam os relacionamentos e uma vida saudável no futuro. Como diz o filósofo Mario Sergio Cortella, no livro “Não nascemos prontos!”, a regra atual tem sido a exaltação descontextualizada do carpe diem, escrito por Horácio.
Cortella avalia que deixa de ser um aproveita o dia, que seria sinal de equilíbrio e virtude moderadora, e passa a ser um curta tudo o que puder, no menor tempo possível. “Este é o tipo de atitude de quem só contempla um horizonte por olhar com desesperança o futuro: a vida é breve e sem sentido e nada mais nos resta a não ser o momento”.
Se necessário for, feche a porta para o céu se abrir
De fato, na música, na poesia, nos filmes, em todas as épocas e pela eternidade, todos querem mais felicidade, mas há pouca disposição para dar amor para familiares, amigos e comunidade. Porque amor e carinho também significa estar presente e se dedicar. É fácil buscar conexões. Difícil é estar disposto a oferecer atenção completa, e estender a mão se for necessário.
Nos relacionamentos amorosos, muitos entraves se estabelecem porque o ponto da atenção tem se fixado no medo de se entregar. Isto ocorre, principalmente, a quem sofreu um abalo numa experiência anterior. Aqueles que se consideram abandonados pelo parceiro no qual depositavam amor e confiança se trancam em mil impossibilidades duvidosos do bem que há por vir.
E há quem prefira se manter agarrado como pode na tentativa de salvar a relação, mesmo que nela doa permanecer. O conhecido sofrimento vira a escolha de quem duvida do bem que há por vir. Salvar a relação é muito positivo. Vira negativo quando o diálogo não existe e só há conflito.
“Cipriano Algor fechou a porta. Há momentos assim na vida, para o que o céu se abra é preciso que uma porta se feche.” Esta frase é do memorável do livro A Caverna, de José Saramago. Sempre ajuda a lembrar que uma das maiores fontes de angustia é a resistência. Resistir a chance de aprender, de mudar, evoluir, ir adiante, ver diferente, ter paciência, compreender ou perdoar, é escolher o sofrimento.
E quando alguém se sente abandonado pelo amor depositado em outra pessoa, facilmente se entrega à depressão. “…A depressão é a imperfeição do amor (…)”. Este trecho, do livro “O Demônio do Meio Dia”, chegou na minha caixa de e-mails. E completava: “(…) O amor nos abandona de tempos em tempos, e nós abandonamos o amor. (…) O único sentimento que resta nesse estado despido de amor [depressão] é a insignificância.”
A minha resposta seguiu dizendo: não é o amor que nos abandona porque estamos ligados a uma fonte inesgotável dele. Somos nós que esquecemos o amor, quando definimos que é de determinado lugar que ele tem de vir, e justamente este lugar não se comporta como gostaríamos. É nosso exercício vibrar em amor e nos afastar de estados negativos. Até um tropeço pode ser tomado como um impulso para ir em frente.
Amor para transbordar
Se você segue por uma trilha escura, fecha os olhos para facilitar a caminhada, ou acende uma lanterna? Queremos amor, mas entregamos resistência, cautela, descuido, desamor…
Podemos buscar o que os relacionamentos têm a oferecer. Seja revivendo emoções das relações antigas, como estando mais presente com os amigos e familiares.
Mantenha o amor vivo dentro de ti e o siga como teu guia. O amor merece expandir, ser distribuído, a amigos, à família, ser dedicado às atividades profissionais, e em gratidão sobre o que nos rodeia.
Vale lembrar que o amor não aponta para a raiva, medo ou para a tristeza. Quando este for o sentimento que volta, precisamos escolher de novo, observar de novo. O sacerdote zen Robert lembrou que “uma boa vida se constrói com boas relações”. E o coração deve ser a morada da alegria.
O amor que sentimos pode transbordar em nós mesmos. E a beleza é esta: uma fonte repleta de amor ao lado de outra. Juntas, não se esgotam, nem se exigem, porque nunca podem perder o que possuem em abundância.
É deste tipo de encontro que se forjam os relacionamentos duradouros, com pessoas que se cuidam, admitem as imperfeições e fraquezas, mas seguem no apoio mútuo e em aprendizado. Um apoio mútuo onde o amor transborda de um para o outro, e inunda a vida de plenitude de ainda mais felicidade.
Dedicamos um módulo especial a relacionamentos, no nosso curso online “Paraíso de felicidade – você pode construir o seu”. Como fica evidente neste longo estudo, é preciso cuidar dos sentimentos se quisermos ser felizes agora e no futuro.
Olá, passando por curiosidade neste bonito site. Parabéns,
merece muita divulgação e vou fazer isso. Voltarei outras
vezes aqui. Até logo.