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Contrastes de olhares em Bali
- 6 de janeiro de 2016
- Postado por: Elair Floriano
- Categoria: Viagens
Antes de partir para a Indonésia, muitos amigos, preocupados, fizeram recomendações. “Lális, tenha cuidado por lá. Não leve objetos de valor. Melhor, talvez, nem levar teu celular, você pode ser assaltada. As pessoas vão tentar te enganar”. Foram observações com objetivo de me proteger, porém me colocaram num estado de alerta tão grande que o que senti, ao chegar lá, foi uma baita insegurança. No aeroporto, em Bali, a recepção colorida dos símbolos do hinduísmo logo foi substituída por dezenas de motoristas gritando, “táxi”, “táxi”. Escolhi um, e num trajeto de cinco minutos, conforme tinha verificado no mapa, ele cobrou 50% a mais do que o preço correto. Ponto para quem tinha me alertado de que isto iria ocorrer.
Mal dormi, nas duas primeiras noites. O condicionador de ar do hostel parecia estar ligado para aquecer, e mesmo solicitando que verificassem, calmamente apenas me diziam, “ah, mas está funcionando”. Fiquei um dia inteiro observando aquela situação meio caótica, até que decidi sair na manhã seguinte. Levei meu computador, ferramenta de trabalho, na mochila, porque não me sentia tranquila para deixá-lo no quarto. Foi um passeio terrível. A cada passo alguém oferecendo “massage, massage”, ou “táxi, táxi”!! Motociclistas circulando entre os carros, a grande maioria sem capacete. E todos os taxistas buzinando muito. Saí para ver o mar e só conseguir ver pessoas tentando vender algo, evidente pobreza, num sol escaldante.
Voltei para o hostel quase sem poder acreditar. Estava em Bali, mas não era o cenário dos filmes. Conversava com alguns amigos e acho que parecia meio loucura o que estava relatando. Mais na manhã seguinte passei a prestar atenção no que poderia estar olhando de um jeito equivocado. Resolvi caminhar para um outro lado e, desta vez a paisagem foi totalmente diferente. Encontrei o mar, e olhei os contrastes com o coração.
Ao lado de resorts luxuosos, pessoas num esforço grande de vender pequenos objetos a preço de quase nada. E o sentimento de compaixão foi tomando do espaço do que estava me assustando.
Fiquei à vontade para combinar passeios junto com outros amigos. Enquanto esperava arrumarem a mochila constatei que, sim, a temperatura do quarto deles estava quase abaixo de zero! Quando falei que o meu estava uns 45 graus, simplesmente me disseram, “Lális, pede para trocar de quarto”. Tão simples. E assim foi feito. Passei a aproveitar o calor do dia, a novamente enxergar a beleza na simplicidade, nas diferenças, e, a dormir em paz, sem derreter.
O ângulo que escolhemos olhar define o que iremos ver. Vale observar com atenção as possíveis realidades em nossa volta, tornando possível enxergar muita beleza.