Blog
Uma conversa sobre sucesso, mas só depois de tirarmos a fantasia de carnaval
- 5 de fevereiro de 2016
- Postado por: Carla Cabral e Silva
- Categoria: Estilo de vida Liberdade
A ideia da Elair me motivou. Ter uma música embalando a leitura é inspirador.
É carnaval, então acho justo e oportuno: Quando o carnaval chegar (canção original de Chico Buarque, aqui na voz de Humberto Gessinger).
Essa semana, entre um clique e outro durante o trabalho, recebi um e-mail que falava sobre o recesso de carnaval. Não dei atenção, até que veio o segundo… Um complemento e, é claro, isso chamou a atenção para o primeiro, que dizia:
Desejamos muito samba no pé, sorriso e descanso para você neste Carnaval!
Já a segunda mensagem, dizia:
Pensando bem…
Nenhum empreendedor atinge o sucesso sambando.
Fiquei algum tempo pensando sobre a relação do sucesso com o carnaval. De verdade, e me questionei: afinal, o que é sucesso?
Existem muitas definições: Aristóteles acredita que é alcançar a felicidade. Já Freud, que ele está acima de qualquer argumento. E eu, no que creio? Bem, não sei exatamente. Considero que cada um de nós tem uma visão muito particular do que é chegar ao seu topo imaginário.
Para uns, comprar uma casa no melhor bairro da cidade. Para outros, um chalezinho na praia. Quem sabe viajar para qualquer lugar do mundo sem data para voltar? Ou, a cadeira na ponta da mesa de uma sala de reuniões, em meio a engravatados. Muitas gravatas para liderar. Ser reconhecido.
Um edifício comercial na Paulista. Ser independente e trabalhar de pijama, todo santo dia. Ter uma família grande e alegre. Escalar a montanha mais alta e sentir o vento da superação esticar o rosto. Lançar um livro. Quem sabe, depois de um passinho de cada vez, voltar a andar. Sambar? Por que não?
Sambar e comprar a melhor casa. Sambar e viajar. Sambar e liderar. Sambar e escrever o livro. Sambar e empreender. Um gosto não anula um sonho.
Eu tô só vendo, sabendo,
Sentindo, escutando e não posso falar…
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar.
Não questiono o que é certo ou errado. Se carnaval é bom ou ruim. Se as definições de sucesso são ou não válidas. Falo só de liberdade, de cada um decidir aquilo que o faz feliz, de soltar as amarras quando necessário.
De respirar, se permitir estar leve uma vez ou outra, sem estar preso a uma busca incessante por algo que nem sabe ao certo o que é, ou que alguém simplesmente disse que é. O que faz você feliz?
Independente do que almeja, chegar lá com certeza vai exigir muito esforço. Dedicação, muita dedicação. Vontade e, além disso, honestidade consigo mesmo, para manter o equilíbrio entre o querer e o gostar. Como faz? Não sei.
Quando descobrir, me conta?
Mas só depois do carnaval. Após guardarmos as máscaras na gaveta e deitarmos a cabeça no travesseiro. Naquele momento, entre fechar os olhos e respirar devagar. Ali, somos apenas nós. Sem fantasias atadas, apertadas, sem chão sob os pés. Nós, nossos desejos e a chance de realizá-los no dia seguinte. Mesmo depois de um sambinha despretensioso na avenida.
Eu tenho tanta alegria, adiada,
Abafada, quem dera gritar…
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar.
Sou feliz por tudo e por nada.
Suzuki, que alegria e que honra o teu comentário sábio de “ninja” por aqui (rs)! Ser feliz por tudo e por nada é justamente um equilíbrio ideal, sem angústias criadas por focar na ausência, e com a legítima felicidade pela abundância.