Blog
Sou mulher e gosto de tulipas
- 11 de janeiro de 2016
- Postado por: Carla Cabral e Silva
- Categoria: Liberdade
Sair de casa e encontrar as amigas, em um bar. Um encontro romântico, em um bar. Comemorar a promoção que recebi na empresa, em um bar. Parece tão corriqueiro, não é mesmo? Mas o fato é que nem sempre foi assim. E comecei a refletir mais profundamente sobre isso quando vi uma postagem na fanpage da WBeer, loja online que vende cervejas diferenciadas.
Algumas mulheres preferem rosas. Eu prefiro tulipas. Parece simplesmente humor (eu adorei o post), mas é muito mais que isso. Uma mulher dividir cervejas, conversa e risadas em uma mesa… de bar! Pode até ser normal para mim no século 21, mas foi nos anos 20, menos de um século atrás, que as mulheres começaram (veja bem, deram um primeiro passo nessa longa jornada) a libertar-se da situação de pendência em relação ao homem. Novos hábitos, novas formas de se vestir, a presença em esportes, bares e salões de dança. Foi nessa época também que começaram a substituir os homens que eram enviados à guerra em seus postos de trabalho.
Os loucos anos 20 escandalizaram as famílias mais conservadoras e colocaram a sociedade na parede. O direito ao voto só veio em 1933, resultado de uma luta que já havia começado há mais de 100 anos. As primeiras discussões em torno do tema vieram antes da Constituição de 1824, que não trouxe impedimentos, mas também não deixou clara a possibilidade de a mulher votar e ser votada. Em 1848, o movimento feminista ganhou força na convenção dos direitos da mulher em Nova Iorque, mas é uma luta que continua até hoje.
Parece simples exigir no mínimo o que outros já têm, mas não é. Não estavam desafiando a sociedade para conquistar algo impossível (pelo menos visto de hoje), era o direito de ter igualdade social e política. Era o direito de estarmos eu e minhas amigas sentadas na mesa de casa ou na mesa do bar que quisermos.
Hoje, mulheres já podem escolher qual tipo de tulipas querem, mas isso não significa que ainda não gere desconforto, que seja encarado com naturalidade, que não se tenha um preço a pagar. A empreendedora, a gerente, a operária, a corretora, a hipster, as mulheres da mesa de bar ainda vão ter de encarar muitos olhares, mas vão resistir, vão levantar a cabeça e a mão para pedir mais uma rodada de cerveja e comemorar. Ah, e por falar nisso! Eu também adoro tulipas, as flores…