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Será que estamos percebendo os sinais de doçura pelo caminho?
- 13 de janeiro de 2016
- Postado por: Carla Cabral e Silva
- Categoria: Relacionamento Viagens
O que kiwis, tangerinas e doces dizem sobre as suas relações? Aparentemente, nada. Sobre as minhas, dizem algo. Quando estamos perto da família, dos amigos, nem sempre percebemos os gestos simples de carinho. Um telefonema, um “oi” no whatsapp, um convite para o almoço ou uma figurinha engraçada enviada despretensiosamente no meio da tarde. É uma forma de dizer: nesse momento, eu estou pensando em você.
Mas, será que nós estamos percebendo esses sinais?
Durante 40 dias eu estive em Montenegro, um dos países mais jovens da costa do Adriático, no leste europeu. Conheci a histórica Kotor, a turística cidade de Budva, mas foi Herceg Novi que tocou no coração. Chegamos no litoral em uma manhã ensolarada de outubro em busca do endereço Prizrenska, 24. Ali, já percebemos o quanto nossa estada seria calorosa.
Não estávamos encontrando a casa e uma moradora, do alto de sua sacada, percebeu e quis nos ajudar. Era inglês do lado de cá, e uma mistura de línguas vindo lá de cima. Ela falava, nós não entendíamos. Até que desceu até a rua. Foi hilário quando ela nos indicou a casa errada e ainda disse que podíamos abrir a porta. Ficava lá, fazendo gestos como quem diz: vai, vai, pode entrar. Pensei: senhora, não se faz isso no Brasil. Mas no fim, deu tudo certo!
Dia após dia percebemos as pequenas manifestações de carinho. Sim, quando estamos em terras desconhecidas, esses sinais ficam bem evidentes. O dono da casa, mesmo estando em outro país, que pede para a mãe nos oferecer kiwis e ainda ensina o macete para que amadureçam mais rápido. Essa dica nunca vou esquecer: colocar as frutas em uma sacola fechada, junto com uma maçã. Em poucos dias, estarão no ponto.
Outro dia, foi o senhor da casa da frente. Também não falava uma palavra em inglês, mas estendia tangerinas cada vez que nos via passar. A gente tentava agradecer, mas ele só acenava a cabeça e uma das mãos, como se dissesse ok, ok, deixa pra lá. Eu acredito que o sorriso é o idioma perfeito nesses casos, uma linguagem universal para mostrar agradecimento.
Herceg Novi é uma cidade de clima mediterrâneo. Os verões são secos e quentes e os invernos são suaves. Confesso que fui para lá sem muitas expectativas, foi uma decisão geograficamente estratégica. Mas, conhecer a cidade rodeada por construções medievais e encostada nas montanhas imponentes de Montenegro foi uma das melhores escolhas, e nos surpreendeu. Foi uma escolha doce.
No último dia por lá, a dona da casa nos levou doces, se despediu e deu um abraço. Desejou que tivéssemos uma boa viagem. Um dos poucos adeus durante a viagem que fez meu coração se sentir aquecido e até um pouco triste. Gestos valiosos para quem está longe do ninho e que mostram a cortesia de um povo marcado pelos anos de conflitos nas terras Bálcãs. Mas, que nem por isso perdeu sua cordialidade e doçura.
Eu nem vou dizer como suas viagens tem ne inspirado…. e esses kiwis de Montenegro me chamam tbm! Eu quero muito ter a oportunidade de ir até lá,quando a vida me oferecer um momento oportuno. Tenho acompanhado suas postando e suas publicações e percebido como o espírito nomade ou como alguns preferem, viajante faz coisas extraordinárias no interior da gente. Mesmo não estando em casa de fato, nem tampouco viajando em constância eu senti esse acolhimento ainda, Ou essa tristeza de deixar um lugar. Talvez eu sinta…. Em Montenegro!
Que linda mensagem, Talita. Enche meu coração de alegria saber que te tocou de alguma forma. Tenho certeza de que logo logo, no momento certo, você encontrará o seu caminho de kiwis. E será doce como o abraço que recebi daquela senhora 🙂 Um beijo.